Relatorio diário

Hoje continuei minha busca por uma blusinha social.
Desde o começo da semana estou querendo comprar uma blusa social, pra uma importante entrevista que irei fazer amanhã. Descobri que o único jeito de consegui-la seria fabricando eu mesma, pelo que parece todas as que existiam em nossa cidade foram compradas, e o mais interessante, foram compradas para serem usadas na festa do peão. Olha o efeito que essa festa causou: estoque de blusinhas sociais esgotado. Alguém pode me explicar porquê essa fixação entre peão e social?
Ontem entrei em uma loja no Centro, olhei, procurei e vi, de longe, exatamente a roupa que eu queria, quando me aproximei e dei uma segunda olhada pude perceber que só tinha em cores(e que cores), todas “chamativas” ou ainda, aquelas blusinhas com babado, que se usava muito na década de 1960, só pode.
80% de viscose com 20% de poliéster formam o tecido ideal, têm exatamente o “caimento” que quero, eu fico muito bem vestida socialmente, o problema é que não tem como ir a uma entrevista com uma blusinha laranja, verde e muito menos vermelha fosforescente, eu passei a semana em busca de uma blusinha branca, a essa altura do campeonato até me contentava com uma camisetinha básica, mas parece que o branco foi abolido temporariamente das prateleiras indaiatubanas.
Hoje resolvi ir a todas as lojas da avenida Francisco de Paula Leite (também depois de já ter ido a quase todas no Centro, era só o que restava...)
Entrei na primeira loja.
- Boa tarde, posso ajudar? Disse a vendedora.
- Pode, vocês têm blusinha social?
A vendedora pensou, olhou para umas blusas que estavam do meu lado, e que de social não tinham nada.
- Olha, eu só vou ter desse tipo aqui.
- Ah, então ta, obrigada, eu vou dar mais uma olhada e qualquer coisa eu volto.
E esse diálogo se repetiu por mais quatro lojas, a frase: vou dar mais uma olhada e qualquer coisa eu volto, já saia espontaneamente da minha boca, era só a vendedora vir com aquele papinho “eu tenho desse tipo aqui” que a frase aparecia.
Depois das quatro primeiras lojas, descobri que a maioria das pessoas não sabe o que é social. Existem vários tipos de social, social esporte, social fino, eu queria apenas uma blusinha com os botões, simples, sem babado, sem brilho e o principal: com mangas. Especialistas advertem que usar roupas discretas e comportadas aumentam muito as chances de se conseguir um bom emprego em uma entrevista e essas mesmas chances aumentam mais se as cores forem claras.
Na quinta loja em que entrei, encontrei algo parecido com o que eu queria, mas o preço não estava nem um pouco parecido, continuei procurando(ok, quero transmitir uma boa impressão, mas não estou tão desesperada assim a ponto de gastar tanto, afinal ainda ganho salário de estagiária)
Na verdade estava acreditando que encontraria a blusa certa em uma loja em especial, tanto porquê, lá só tem roupas sociais, o vestido que usei na minha formatura foi comprado lá e por falar em formatura, um dia ainda vou escrever sobre ela, foi simplesmente a melhor festa que já fui e participei, difícil supera-la.
Cheguei na tal loja, perguntei sobre blusinhas brancas, imagine a minha surpresa quando a vendedora me disse que também estava em falta. Acabei experimentando outras, na tentativa de encontrar algo que eu conseguisse disfarçar e que combinasse com o sapato e a calça, mas mesmo assim não deu.
Sai de lá, já com a certeza de que não veria em lugar nenhum a blusinha social branca.
Continuei minha caminhada, mas nada, nada e nada.
O pior é que eu já tava tão cansada com as frustrações seguidas, em ver tantas blusas e não conseguir apenas a que eu queria, que já entrava na loja querendo sair.
- Oi, vocês têm blusinha social? Não, Ah ta, obrigada... já sabia se a vendedora iria tentar me vender qualquer outra coisa, ou se ela realmente não sabia o que é social. Saia correndo da loja.
A ultima loja que entrei, foi engraçado.
Entrei, já com a frase pronta na cabeça, a vendedora me mostrou algumas peças, mas nada do que eu queria. Foi aí que ela me perguntou se eu já tinha visto em tal loja(a mesma loja que eu também tinha certeza que iria ter a minha blusa). Eu simplesmente sorri e disse que iria dar uma olhada por lá, mas minha cabeça pensava “pois é querida, infelizmente lá também não tem, senão não estaria aqui” num tom irônico.
Depois dessa eu desisti.
Enquanto voltava pra casa passei em frente a um brechó, “Brechó Chic”, olha a criatividade dos donos do local: BRECHO CHIC, ai, ai...olha o desespero da cidadã aqui...
Mas no fim fui tentando montar(mentalmente) um visual mais sério com as roupas que já tenho, espero que tenha dado certo, amanhã será o teste, é óbvio que não será minha roupa que fará toda a diferença, mas é sempre bom não bobear, afinal não é todo dia que oportunidades aparecem.
Boa sorte para mim. E novamente: os dados foram lançados.